sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Frutos do Enem




Exaustão física e mental, falta de tempo e candidatos revoltados, esta foi a essência dos comentários ditos pelos candidatos que realizaram a prova, neste último final de semana.

Em nota divulgada no portal do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), no último domingo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, avaliou como “positivo” o balanço sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, na mesma oportunidade, ressaltou que neste ano os “maratonistas” que enfrentaram a prova terão acesso ao espelho da correção da redação, acrescentando: “Nenhum exame do mundo autoriza isso”.  
Obviamente, senhor ministro! Assim como não se tem conhecimento de exame algum “no mundo” que submeta aos cerca de 4,175 milhões de participantes, maioria adolescentes, 180 questões extensas, subjetivas e extremamente maçantes, além de uma redação. Não é mistério para ninguém a precária realidade educacional brasileira. Nossos alunos não estão preparados para este tipo de avaliação.
O estilo da prova prioriza a interpretação em vez de fórmulas e regras, diferentemente dos tradicionais vestibulares. Neste ano, o Enem aderiu como carro chefe a ideologia “Cult”, repleto de filosofias com citações de Jürgen Habermas, Karl Marx, René Descartes e Nicolau Maquiavel, assim como charges, pinturas clássicas, tudo que os alunos praticamente não viram no Ensino Médio, apenas no momento da realização do Exame, que deveria servir para testar os conhecimentos em vez de apresentar novos. Implantou-se um novo estilo de prova sem ao menos que as escolas e professores estivessem preparados para tal. Os materiais didáticos escolares não são consoantes ao estilo do exame, pelo contrário, são contraditórios.  As longas questões do Enem requerem atenciosa leitura, no mínimo por duas vezes, tempo para reflexão e posterior resposta, inviável no curto espaço de tempo ofertado em que se parece testar mais os reflexos e a rapidez dos candidatos.
Castigo ainda maior para os que almejam ingressar na única Universidade pública de Rondônia, a Unir (Universidade Federal de Rondônia), visto que em agosto de 2011, após decisão judicial em Ação Cível Pública, determinou-se a isenção da cobrança da taxa para inscrição em seu vestibular, vindo a Instituição a adotar a nota do Enem como único critério de seleção, mediante a justificativa de que a Unir não poderia arcar com os custos do processo seletivo. Diante da situação, o que moveria os adolescentes rondonienses a se interessar por História e Geografia de Rondônia, por exemplo? Matérias de suma importância.
Tende-se a concluir e apavorar-se com o provável e futuro cenário educacional, pois há uma lógica matemática agregada: se o estilo da prova ignora conceitos básicos para a formação de cidadãos, como a história mundial e brasileira, qual a probabilidade das escolas enfocarem diariamente estes conteúdos em salas de aula? Afinal, valem os índices. As escolas particulares necessitarão decorar seus portões com faixas e nomes de seus alunos aprovados nas melhores Universidades. Para as públicas, mais cotas para encobrir a precariedade. Nada mais óbvio do que adestrar alunos a tirarem boas notas no Enem e esquecer a “coitada” da gramática normativa, as “ pobres” das conjunções, orações subordinadas e coordenadas e demais conteúdos aniquilados no Enem.

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