Paredes sujas e
descascadas, mais de uma década sem adquirir um único livro; sinais evidentes
de abandono e do “pouco caso”. Esta é a cara da Biblioteca Municipal de Cacoal.
A biblioteca de Cacoal
foi construída no início da década de 1980, batizada como “Biblioteca Municipal
Vinícius de Moraes”. No ano de 1999 foi reformada e ampliada, além de iniciar-se a
montagem do “Museu da Imagem e do Som”, espaço dentro da própria biblioteca que
abrigava fotos, quadros e vídeos da cidade de Cacoal, no início do seu desenvolvimento.
Hoje, estes materiais ainda encontram-se nas dependências do prédio. Porém, não
há espaço adequado para exposição.
A última compra de
livros pela prefeitura ocorreu também em 1999, ano que pode ser considerado
como marco da estagnação, pois desde esta data, os únicos
livros que entraram na biblioteca foram oriundos de doações do Governo Federal ou
da própria população. Além do acervo de livros obsoletos e mal conservados, o
prédio não é climatizado, o que torna a biblioteca cacoalense ainda menos
atrativa à visitação.
A responsabilidade pelo
funcionamento e manutenção da biblioteca compete à Funccal (Fundação Cultural
de Cacoal), cuja presidente, Maria Lindomar, afirma que “não é por falta de vontade” que as reformas e a aquisição de
materiais não acontecem. Ela explica que a Fundação depende da liberação de
orçamento pela prefeitura, que na maioria das vezes, por motivos de “excepcionalidade”,
acaba destinando a verba da Funccal a outras secretarias como da saúde, educação
e obras. Ainda segundo Lindomar, para o próximo ano estão previstas a reforma e
aquisição de livros para a Biblioteca Vinícius de Moraes. Será?
Parece
ser parte de nossa “cultura” não se incentivar a própria cultura. Irônico, mas
infelizmente é a realidade brasileira, em que instituições e gestores públicos
insistem em adiar os investimentos pertinentes ao desenvolvimento cultural.
Em
meio a esta lamentável situação, repleta de aspectos negativos, existe na
biblioteca uma brasileira passível de grande admiração, a senhora Ecléia
Vasconcelos, cujo grande sonho é resgatar o hábito da
leitura nas crianças. Com dedicação e afinco, Ecléia trabalha há 15 anos na
biblioteca de Cacoal e aguarda ansiosamente pelas “melhorias” prometidas ano a
ano pela administração municipal. Com esperança, ela revela seu desejo: “ver a biblioteca voltar a funcionar aos
sábados e no período da noite”. Para que isto se torne viável, a biblioteca
necessita, no mínimo, de mais funcionários, além do aguardo empenho da
administração municipal. Assim como Ecléia, muitos cacoalenses estão na mesma
torcida, esperando, muito.
(Texto publicado no jornal Tribuna Popular.)
(Texto publicado no jornal Tribuna Popular.)