Ainda quando criança, antes mesmo de descobrir que a saúde pública brasileira era caótica, ouvia falar que a medicina em Cuba era considerada uma das melhores do mundo, ainda hoje essa característica parece não ter sido alterada nem mitigada no país caribenho.
Meses antes da polêmica cogitação da vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil, através do programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, consulto-me com um médico cubano. E a razão? Porque considero-o melhor que os brasileiros que atuam no mesmo ramo dele em minha cidade. Ou seja, preocupada com minha saúde e bem-estar, assim escolhi, sem receio e sem temor algum. Sensação diferente teria eu, caso fosse paciente de um médico brasileiro que tenha cursado a graduação em meio a farras e descompromisso e não precisou "validar" seu diploma para atuar. É sabido que esta não é uma prática generalizada, mas infelizmente ocorre.
Não culpo os médicos brasileiros por não quererem trabalhar em lugares onde eu também não gostaria de morar. O Brasil é capitalista e democrático, podemos escolher o que nos convém. Mas, se ao tempo em que reclama-se da falta de médicos e apela-se ao deslocamento destes, não se obtendo resultados, o desdobramento é lógico e de ótimo gosto: que venham os cubanos, que atuarão não em capitais turísticas como o Rio de Janeiro, mas em cerca de cem municípios rejeitados pelos médicos brasileiros, principalmente em nossa região e no Nordeste, recebendo cerca de R$ 3.000,00, quantia que julgam ser suficiente, visto que os restante ficará com o governo socialista cubano. A maior dificuldade neste processo é entender o porquê da grande repulsa dos médicos brasileiros, que em alguns casos, apresenta-se com grande carga preconceituosa.
Para os médicos cubanos, que já trabalharam em países como Haiti, Honduras, Venezuela e Paquistão e que tiveram de suportar a rigorosa educação de seu país para formarem-se, estudar e aprender sobre saúde pública e língua portuguesa certamente não será nenhuma tarefa árdua.
A carência na medicina brasileira está atrelada a uma infinidade de fatores, sendo um ramo bastante elitizado e inacessível a grande parte da população brasileira. Ao tentarmos analisá-la, chegaremos a considerá-la como fruto de nossa colonização histórica, mas isso é amplo demais, será eterna discussão tanto em teses de doutorado quanto em mesas de bar. Não sou "Dilmista" mas essa tentativa de aliviar o caos na saúde de nosso país parece ser extremamente benéfica. Torçamos pelos bons resultados.