segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vida de repórter multiuso

Resumo de um plantão de final de semana. Foi-se o tempo em que eles serviam  para descanso.

                 A maratona frenética iniciou-se no sábado, logo cedo. Cheguei às oito horas na TV (Sou pontual), uma breve pesquisada no assunto "vacinação/aftosa" e "bora" para Pimenta Bueno, onde acontecia o lançamento oficial da 31ª campanha contra a aftosa. Entrevistas, imagens... Falta algo!Sim, indespensável. Precisamos imagens de gado sendo vacinado, isso já ao meio-dia.
                Informações que nos chegavam: "Ah, quem vacina começa cedinho, uma hora dessas tem mais não", "Ah, hoje não tem".... Somente previsões muito animadoras!
               Eis que surge um momento moreno na repórter loira: vamos à uma agropecuária e, lá sim, acharemos alguém! A essa altura o cinegrafista, também muito confiante, apostou com a repórter em trocar de nome, caso ela conseguisse a tal vacinação.
             "Simbora"! Chegamos. Quase chore para cerca de seis homens que fica mais fácil, tá! Eis que encontro uma alma iluminada que comprometeu-se a vacinar um rebanho no Distrito do Riozinho!
             Bora para a Tv, Dagaberto! (o cinegrafista muda de nome. A repórter consegui o feito!)

             Chega a hora que sua saúde agradece muito: passe muitas horas sem beber água e sem comer. Chegue na sua casa quase duas da tarde: engula o almoço, isso mesmo! Comer com calma é algo estranho e desconhecido, alheio.
              Não tome banho, apenas troque seus 10 centímetros de salto por uma bota confortável e amarre seu cabelo para enfrentar os 40 graus cacoalenses! MaRiA BrEtEirAAAAA! Iráaa!                         Volta ela para a Tv. Prepare alguns textos e vá para a estrada, abra porteiras de propriedade rurais, sente em cima de "bretes" com muito sol quente e veja peões lidarem com bois!
             Sim, a repórter loira encarnou a malabarista e andou em cima de bretes altos, de madeira e com espessura de não mais que 15 centímetros! Uma Cowgirl!
            Volte para à tv, porque já são cinco horas e você marcou salão, já está atrasada. Corra!

           Chegue em sua casa e jamais pense em descansar, apressa-te! Já está atrasada. Ela que não fez a unha e ainda nem lavou o cabelo, tem menos de duas horas para estar vestida e arrumada adequadamente para ir a entrega de um prêmio, que por sinal é um dos mais "chiques" e elegantes do Estado.
           Chegue ao local, espere sentada, com muita postura por cerca de três horas até que o evento comece.
           Abstenha as hipocrisias: entrevistar seu chefe não tem preço! Ver a dupla "Gian e Giovane" morrendo de sono e falar para você da "satisfação imensa" que é se apresentar em Rondônia também não. Chegue em sua casa quase três da manhã. Sua sorte é que você bebeu uns drinks legais e dormirá feliz!

           Acorde com vontade de dormir mais e mais... Almoce e descanse, porque às 15h00min você terá que trabalhar. Novidade. Novamente em Pimenta Bueno! Verás um "jogaço" entre o Ji-Paraná e o Pimentense. Jogos da segunda divisão do Rondoniense...Habilidade pura. Já conhecida pela arbitragem, a repórter nada "para frente", opta em assistir ao jogo na arquibancada destinada aos dois reservas do time do Pimenta. Creio que eu era a única mulher entre os cerca de cinquenta homens presentes no estádio. Emoção pura...
           Imagine como foi gravar uma passagem durante o intervalo do jogo com torcedores lhe chamando de Glenda Kozlowsk e gritando admirados: "Ela entende de futebol!" Coitados... eu engano legal! Sobram-me os imensos risos.
            Resultado jogo: Jipa: seis, Pimentense: um. Volte a sua amada cidade. Faça um lanchinho rápido preparado por sua linda mãe e gradeça por ela existir em sua vida. Elas são as melhores, relevam todo seu mau humor e estresse sorrindo, com bondade e paciência jamais vista.

         Volte à Tv. Sim, você chega lá sozinha, automaticamente, seu cérebro já gravou o caminho.            Escreva e grave todos os textos e deixe suas matérias prontas! Saia de lá quase meia-noite.
Durma, porque amanhã é segunda.
Estranhe-se muito por gostar dessa vida que escolheu.

domingo, 9 de outubro de 2011

“TRIP”, cadê você?

            Relatos da inevitável saga: cruzar o picadão traçado por Rondon, de Porto Velho a Cacoal, no balanço do “Amazon Bus”. Pelo menos é possível descobrir muitas peculiaridades nessas viagens. Praticamente um estudo cultural.

            Sim a “piriguete” é uma heroína.

            Não há dúvidas, só elas são capazes de suportar os temerosos 17 graus do ônibus vestindo um micro short e piercing à mostra. Tudo isso com um sorriso estampado de orelha a orelha. Até pensei em oferecer um pedaço de meu cobertor a ela, mas logo percebi que não era o caso: elas realmente não sentem frio. É uma questão de personalidade.
           Pergunto-me se a pele humana é de mesma composição para todos. Eu vestia um casaco, calça, sapato fechado e ainda aquecida por uma coberta, bem grossa, claro. A “Piri” não... nada! Isso me intrigou e impressionou profundamente por muitos quilômetros.
          A cada sinal de torre, o celular dela tocava. Ao som “Michel Teló” entoando “... Nossa, assim você mata... Ai se eu te pego! DELÍCIA”, a moça, com voz sexy e sorriso estampado, dizia: “Oi”. Mas não pense que se tratava de um oi comum, havia uma "performance" toda especial, era prolongado, coberto de malícias e quintas intenções. Cheguei a real conclusão de que esse tipo de garota merece minha admiração. Nem “macho” suportava tamanho frio. Pontinhos para as piris desse Brasil.
           Mas isso é só um mero detalhe, o emocionante é ver uma válvula do busão escapar em meio ao nada, e você com pressa, com a louca vontade de chegar em casa.... Esperar na beira da BR- 364 faz parte. De tempero: passageiros gritando, bebês chorando... Outros comendo aqueles salgadinhos fedidos, que embrulham o estômago...
           É, dizem que a TRIP linhas aéreas está prestes a se instalar em Cacoal, tomara mesmo. Só temos que torcer para ela não abusar no preço das passagens, monopólio sempre é perigoso. Na torcida e curtindo o alívio de chegar em casa depois de dois finais de semana seguidos fazendo este percurso, grito e digo: chega! Amo minha casa.